Boruto Episódio 114 - Equipe 25

por Celso Arruda - Jornalista Gamer - Filósofo - MBA


 Reflexão filosófica sobre o Capítulo/Episódio 114 – Equipe 25 (Boruto: Naruto Next Generations)



O capítulo 114 de Boruto apresenta, à primeira vista, um episódio simples, quase cotidiano: a formação da Equipe 25, composta por jovens ninjas que ainda não se destacam, não brilham e tampouco carregam grandes expectativas. No entanto, é justamente nessa aparente banalidade que reside sua profundidade filosófica.


1. O valor do “não excepcional”


Diferente da tradição narrativa de Naruto, centrada em prodígios, destinos grandiosos e linhagens especiais, a Equipe 25 simboliza o ninja comum. São jovens que não carregam o peso da genialidade nem o brilho do heroísmo precoce. Filosoficamente, isso nos remete à ideia aristotélica de que a virtude não nasce do excesso, mas da prática cotidiana.


A série nos convida a refletir:


> o valor de um indivíduo está apenas no talento extraordinário ou na constância do esforço silencioso?




2. Identidade em construção


Os membros da Equipe 25 ainda não sabem exatamente quem são como ninjas. Isso dialoga diretamente com a filosofia existencialista, especialmente Sartre: a existência precede a essência. Eles existem como ninjas antes de saberem que tipo de ninjas serão. Não há destino claro, apenas a necessidade de escolher, errar e continuar.


Nesse sentido, o episódio espelha a adolescência real: um tempo de comparação, insegurança e sensação de inadequação.


3. O líder como espelho, não como herói


O papel do jōnin responsável pela equipe não é o do mestre lendário, mas o do orientador discreto, alguém que observa mais do que impõe. Aqui surge uma noção próxima à ética do cuidado (Foucault): o verdadeiro líder não cria dependência, mas favorece a autonomia.


A Equipe 25 aprende não por discursos épicos, mas pela convivência e pela experiência — uma pedagogia do cotidiano.


4. A crítica ao culto do sucesso


Boruto, como série, já nasce num mundo que venceu grandes guerras. O episódio 114 expõe um efeito colateral disso: nem todos terão um papel histórico. E tudo bem.


Filosoficamente, há uma crítica velada à lógica meritocrática extrema:


> nem todo valor é visível, nem toda contribuição será lembrada.




A Equipe 25 representa aqueles que sustentam o sistema sem jamais serem celebrados — os “invisíveis necessários”.


5. Sentido além do protagonismo


Por fim, o episódio sugere que o sentido da vida ninja (e da vida humana) não está apenas em feitos grandiosos, mas em pertencer, servir e crescer, mesmo longe dos holofotes.


É uma lição quase estoica: aceitar o próprio lugar no mundo sem resignação, mas com dignidade.



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Conclusão


O capítulo 114 de Boruto é uma meditação silenciosa sobre maturidade, identidade e valor humano. Ele nos lembra que nem todos serão protagonistas da história, mas todos são protagonistas de sua própria formação.


Em um mundo obcecado por heróis, a Equipe 25 nos ensina a importância de ser humano antes de ser extraordinário.

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